Magüta se Levanta com Força Ancestral: 4ª Assembleia Geral de Cacicas e Caciques do Éware I e II Reafirma o Compromisso Coletivo pela Vida e pelos Territórios!

Foto: Blogbelendosolimoes

Entre os dias 4 a 7 de maio de 2023, na comunidade de Belém do Solimões, mais de 300 lideranças Magüta — entre cacicas, caciques, jovens e mulheres — representando 42 comunidades indígenas das Terras Indígenas Éware I e Éware II dos municípios de Tabatinga, São Paulo de Olivença e Benjamin Constant, se reuniram com o mesmo espírito que moveu os antepassados: proteger a floresta, a cultura e a vida. A 4ª Assembleia Geral foi marcada por decisões firmes, unânimes e enraizadas na sabedoria ancestral de resistência.

O documento final da Assembleia, aprovado com votação coletiva, traz o grito de um povo que não será silenciado. A primeira decisão foi exigir ações conjuntas entre IDAM, Prefeituras, FUNAI, Polícia Militar, IBAMA, Instituto Mamirauá, NESAN e FEI, para dar continuidade ao Manejo de Lagos nos setores Assacaia e Tacana. Esse esforço chamado de Ajuri será concretizado com assembleias locais em junho e terá a ADACAIBS como entidade proponente, com apoio necessário em infraestrutura, bases flutuantes e equipamentos de comunicação e transporte.

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A segurança nas aldeias foi outro clamor presente. As lideranças cobraram das Prefeituras apoio logístico à Polícia Militar e reforçaram a urgência na criação de um posto policial em Belém do Solimões, com formação específica para Guardas Indígenas. Também exigem que a entrada de bebidas alcoólicas e drogas seja controlada nos portos urbanos e na comunidade Santa Rita, com fiscalização firme da Polícia Federal e Militar. A proteção do território não pode esperar.

Num movimento de afirmação de saberes, foi reivindicada a criação de uma Universidade Indígena Presencial, como resposta direta aos clamores das juventudes Magüta. O pedido foi encaminhado à Ministra Sonia Guajajara, FUNAI, Governo do Estado e instituições educacionais. O povo Magüta exige o direito de aprender em seu próprio chão, com suas epistemologias e seus professores indígenas, sem depender da internet instável que marginaliza os territórios.

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Com sabedoria estratégica, a Assembleia decidiu também buscar editais para a construção de alojamentos que viabilizem cursos no Centro Cultural de Formação do Éware. Essa estrutura será o coração pulsante da formação técnica, cultural e política dos jovens, comunicadores, lideranças e anciãos, alimentando as lutas com organização, consciência crítica e coletividade.

As organizações ADACAIBS e MAPANA foram designadas a buscar novas parcerias com CETAM, IDAM, MAMIRAUÁ, IFAM e outros órgãos, para ofertar cursos de agroecologia, gestão associativa e proteção territorial. Essas capacitações irão fortalecer o protagonismo indígena e dar continuidade à luta por autonomia e sustentabilidade enraizada na cosmovisão do povo Magüta.

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Outra decisão estratégica foi encaminhar novamente ao IDAM Central o pedido para criação de um Posto Avançado em Belém do Solimões, garantindo atendimento técnico contínuo e adequado às especificidades culturais e ambientais do território Éware. O acesso a políticas públicas deve respeitar os tempos, modos e saberes do povo indígena, e não o contrário.

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A Assembleia também reafirmou a importância da realização do 10º Festival de Cultura Indígena do Éware (FIE), de 26 a 30 de julho de 2023, com o tema “Ecologia”. O evento será um ato político e cultural, celebrando a floresta viva e reforçando o processo de Ajuri de Ecologia Indígena, que une espiritualidade, ciência tradicional e resistência.

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A força do coletivo foi celebrada em cada detalhe: desde a cozinha das voluntárias da “Equipe das Panelas”, até os pescadores e famílias que doaram alimentos. A gratidão às mais de 20 instituições parceiras foi registrada como parte fundamental da teia que sustenta a luta indígena. Mas, acima de tudo, a gratidão maior foi dirigida à ancestralidade, que guia os passos firmes e as palavras fortes dos caciques e cacicas Magüta.

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Com essa Assembleia, o povo Magüta reafirma sua unidade, resiliência e visão de futuro. Não pedimos favor, exigimos respeito! E fazemos isso com o rosto pintado de urucum, com os pés no chão vermelho das Terras Éware, com a palavra firme, coletiva e inegociável. Porque resistir é existir. E para o povo Magüta, a floresta, a cultura e os territórios são sagrados.

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