Festival To'oena: Um Grito de Resistência e Celebração da Alma Magüta em Umariaçu

Foto: Üpetucü

Nos dias 26 e 27 de abril de 2025, a cimnidade Umariaçu II, localizada na Terra Indígena Umariaçu (Tabatinga/AM), foi palco da primeira edição do Festival de Dança Cultural To'oena, uma iniciativa autônoma e coletiva da comunidade, principalmente das juventudes Magüta (povo Ticuna). O evento, que se insere nas celebrações do Abril Indígena, reafirmou a importância da resistência cultural e da valorização das histórias ancestrais do povo Magüta.

No dia 26 de abril, o festival teve início com a Competição do Indígena Guerreiro e Guerreira, uma atividade que mobilizou participantes em provas de habilidades tradicionais e resistência física, resultando na premiação dos três primeiros colocados entre os competidores. Foi um momento de grande emoção e orgulho para todos os presentes, reforçando os ideais de bravura e coragem, que são elementos centrais nas cultura Magüta.

Foto: @magutanative

Já no dia 27 de abril, aconteceu a aguardada Competição de Danças Tradicionais, que reuniu grupos de jovens e com os adultos da aldeia em apresentações durante toda a noite. Cada grupo expressou, por meio da dança e dos cantos contemporâneas, a força das tradições, em performances que encantaram o público. Foram premiados os três primeiros colocados, tanto nas categorias de grupos quanto individuais, celebrando a diversidade e a criatividade cultural da comunidade.

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Segundo os organizadores do evento, o Festival de Dança To'oena teve como objetivo principal a valorização e fortalecimento das culturas ancestrais e de outros causas que comove o povo Magüta, além de promover a inclusão e a participação ativa da juventude nas práticas culturais tradicionais. A realização do festival é um marco que reafirma o direito dos próprios indígenas a narrar e viver suas histórias, contrapondo a narrativa estereotipada imposta historicamente pelo "perapatchinügü" (homem branco).

O evento reforça a ideia de que a história e a cultura dos povos indígenas devem ser contadas e vividas por eles próprios, sem intermediários externos que muitas vezes distorcem ou deslegitimam seus saberes. Como ressaltaram as lideranças locais, O Territorio Umariaçu tem uma longa trajetória de resistência cultural desde sua origem, mantendo viva sua identidade, mesmo diante das diversas tentativas de apagamento cultural.

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A escolha do nome "To'oena" para o festival é carregada de simbolismo: faz referência à moça Magüta que, segundo relatos dos anciãos, foi cruelmente assassinada por criaturas chamadas de "Monstros" em tempos antigos. Essa narrativa, transmitida oralmente de geração em geração, reforça o papel central da mulher e da juventude na continuidade da cultura Magüta. Assim, o festival não é apenas uma celebração artística, mas também uma homenagem à memória e à resistência de seu povo.

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Além de envolver a própria comunidade, o festival contou com o apoio de instituições locais e pessoas conhecidas que reconhecem a importância de eventos como esse na promoção dos direitos e da dignidade dos povos indígenas. A realização do festival também evidencia a necessidade de políticas públicas mais concretas e eficazes para apoiar essas iniciativas que surgem das próprias bases comunitárias.

O I Festival de Dança Cultural To'oena demonstrou que, mesmo diante de tantas adversidades, a força cultural dos povos indígenas é viva e pulsa no canto, na dança e nas histórias narradas por seus anciãos e juventudes. Mais do que uma celebração, o evento se consolida como um ato político e cultural de afirmação da identidade Magüta.