Entrega de Equipamentos Marca Nova Etapa do Projeto “ Cuidando da Nossa Floresta para Manter Viva e Forte as Nossas Culturas” em Umariaçu I, Tabatinga AM


Foto: Magüta Native

No dia 3 de outubro de 2024, o coordenador-geral da COIAB, Toya Manchineri, ao lado das equipes do Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI), Técnica do Projetos e Comunicação da COIAB, realizou uma entrega especial de materiais na Aldeia Umariaçu I, território Magüta, às margens do Alto Solimões, em Tabatinga–AM. A ação faz parte do projeto Nüna Tadaugü Torü Nainecü na Maüca e Naporaüca Torü Tacümagü "Cuidando da Nossa Floresta para Manter Viva e Forte a Nossa Cultura". Em cada equipamento entregue, ressoa o compromisso coletivo com a proteção da terra ancestral.

Durante o evento, foram entregues notebooks, projetores e celulares que equiparão a equipe indígena responsável pela comunicação. Esses instrumentos são fundamentais para formar comunicadores que falarão com voz autônoma sobre suas realidades, resistências e conquistas. Com essas ferramentas, jovens Magüta combaterão a desinformação e fortalecerão o movimento indígena, mostrando que a verdade Tikuna também circula em pixels e ondas, em tempo real.

A perspectiva tecnológica abraça também o cuidado com o território. O projeto inclui cursos em vigilância e proteção ambiental, utilizando drones e GPS para monitorar a floresta. Esses recursos permitirão aos Tikuna proteger nascentes, roças, matas e igarapés. Cada voo de drone será um ato de cuidado com a Mãe Natureza, representando a vigilância ancestral recreada com olhar contemporâneo.

Foto: Magüta Native

O escopo do projeto abrange uma série de formações: etnoambiental, etnogeoprocessamento, cartografia social, sistemas agroflorestais e manejo ético da floresta. O conhecimento tradicional, passado de gerações, se fortalece com metodologias modernas e artefatos técnicos. Estudantes, jovens, mulheres e anciãos se unem para construir um saber híbrido – onde a sabedoria Tikuna e a ciência se entrelaçam como cipós na floresta.

Cacique Dikcinei, vice-cacique Ezequiel Pinto, o agente de segurança Márcio Ramos e o antropólogo Itamar Neco Araújo marcaram sua presença, junto a 50 participantes da aldeia. Este ato reforça: o projeto não é de fora para dentro, mas nasce da comunidade. A COIAB destacou seu compromisso em acompanhar o desenvolvimento das ações com proximidade, respeito e escuta contínua, acreditando na força do coletivo indígena.

Publicidade:

O antropólogo Itamar Neco é a ponte entre o pensamento comunitário e a execução técnica. Sua atuação já vem de longa data, impulsionada pela ancestralidade Tikuna. Com sua coordenação, o projeto ganhou coesão e relevância. Cada equipamento agora entregue traduz o reconhecimento da importância do protagonismo local na defesa do território e da cultura.

Um marco histórico foi a chegada da internet na comunidade, via o projeto “Conexão Povos da Floresta”. Este avanço tecnológico rompe o isolamento informativo e amplia o alcance da voz Magüta. As conexões digitais aproximam a aldeia de parceiros, estudantes e ativistas, sem abrir mão da identidade Tikuna. A informação, agora, flui pelos cabos e pelos rios.

A parceria com a FUNAI, em especial com a indigenista Marian Heinberg, é lembrada com gratidão. Mesmo ausente na entrega, seu trabalho foi essencial para viabilizar a instalação da internet e dos equipamentos. Isso mostra que alianças positivas podem existir quando guiadas pelo respeito e pelo propósito comum de fortalecer a cultura indígena e a soberania territorial.

Os próximos passos incluem o planejamento das primeiras formações e roteiros de atividades. Cada curso será protagonizado pelos próprios Magüta, desenhado a partir de seus ritmos, calendários culturais e rituais. A comunidade, em assembleia, participará ativamente de todas as decisões, reiterando que a coleta de equipamentos não é fim, mas ponto de partida para um fazer coletivo.

Essa entrega é símbolo político e ancestral. Marca o início de um ciclo onde a juventude Tikuna reafirma seu papel de guardiã da floresta e de narradora de sua própria história. Com tecnologia nas mãos e conhecimento no coração, o povo Magüta avança com coragem ancestral garantindo que a floresta esteja viva, a cultura esteja forte, e a identidade se reforce a cada geração.



Postar um comentário

0 Comentários