Foto: @MagütaNative |
Durante o 1º Fórum Internacional Indígena: Segurança Pública, Justiça Social e Acordos de Paz em Contexto de Fronteira, realizado em 2025 em município de Tabatinga/AM na região da tríplice fronteira, a presença da renomada intelectual indígena aymara boliviana Julieta Paredes foi um dos momentos mais marcantes do encontro. Poeta, cantautora, grafiteira e fundadora do Feminismo Comunitário de Abya Yala, Julieta trouxe à tona reflexões profundas sobre o pensamento indígena descolonial, com base em sua trajetória política e artística. Sua fala contribuiu para ampliar a compreensão das lutas dos povos originários frente às estruturas coloniais ainda vigentes nos territórios latino-americanos.
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Julieta Paredes apresentou uma linha do tempo crítica sobre os processos de colonização que afetaram os povos indígenas desde a invasão europeia, destacando que os territórios já eram plenamente habitados por sociedades organizadas muito antes do surgimento do nome “América”. Ela lembrou que o termo Abya Yala, utilizado por diversos povos originários, nomeava o continente antes da imposição colonial e que, no caso brasileiro, o nome original era Pindorama. Tais nomes não são apenas simbólicos, mas representam um modo de existir e resistir à negação sistemática das histórias e culturas indígenas.
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Em sua exposição, Paredes argumentou que é urgente adotar uma estratégia de descolonização do pensamento indígena, propondo que os próprios povos desenvolvam seus territórios com base em seus saberes, historicidade e autonomia. Segundo ela, isso exige romper com políticas coloniais impostas, que ainda estruturam os Estados nacionais, e fortalecer alternativas próprias de organização comunitária e territorial, a partir dos conhecimentos ancestrais.
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A fala de Julieta também conectou os contextos de Perú, Brasil e Colômbia, apontando que, embora os povos indígenas destes países enfrentem desafios específicos, compartilham um legado comum de resistência. Ela defendeu que os povos originários devem construir alianças transfronteiriças para elaborar soluções baseadas em sua própria cosmovisão, especialmente no enfrentamento à violência, à exclusão institucional e à devastação ambiental causada por interesses externos.
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Assim, sua participação no Fórum representou mais do que uma contribuição intelectual: foi um chamado coletivo à memória, à dignidade e à ação política dos povos indígenas de Abya Yala. Julieta Paredes reafirmou que o caminho para a justiça social e a paz nos territórios passa pelo reconhecimento da história indígena e pela afirmação de projetos políticos próprios, que não apenas resistam, mas reexistam frente às heranças coloniais.
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