Mulheres, Jovens e Lideranças da Aldeia Umariaçu I realizam o detalhamento da 2ª etapa do Projeto “Floresta+ Amazônia”

Fotos: Tchurucü Mẽpe

Nos dias 23, 24 e 25 de julho de 2023, a Aldeia Umariaçu I, localizada na Terra Indígena Tikuna Umariaçu, no município de Tabatinga (AM), foi palco de um encontro coletivo para o detalhamento da 2ª Etapa do Projeto Floresta+ Amazônia. Com o tema “Vamos cuidar da nossa floresta viva e forte para manter a nossa cultura”, o evento reuniu mulheres artesãs, jovens, lideranças tradicionais e representantes de instituições indígenas com o objetivo de fortalecer o plano de ação ambiental e cultural da comunidade.

O projeto da Aldeia Umariaçu I foi um dos melhor avaliados na 1ª etapa da Chamada Pública do Edital Floresta+ Amazônia, realizada em 2022, com mais de 200 propostas inscritas. A iniciativa da aldeia alcançou a 7ª colocação nacional, sendo reconhecida por sua articulação comunitária e enfoque em práticas sustentáveis. A chamada foi promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Fotos: Tchurucü Mẽpe

Após mais de um ano de articulações, os moradores retomaram os trabalhos com o apoio institucional da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), escolhida pela própria comunidade para executar o projeto e gerir sua parte técnica e financeira. A FUNAI – Coordenação Regional Alto Solimões também acompanhou de perto todas as etapas, garantindo que o processo fosse realizado com transparência e legitimidade.

O detalhamento da 2ª etapa envolveu a construção coletiva de um novo Plano de Ação, facilitado pela equipe técnica da COIAB. O objetivo foi alinhar metas e atividades aos princípios do projeto e às demandas urgentes da comunidade.

Entre os principais eixos estruturantes do projeto, destacam-se:

Fortalecimento das Mulheres Artesãs: por meio de formações, oficinas e espaços de comercialização dos saberes tradicionais em cerâmica, tecelagem e arte Tikuna.

Capacitação em Vigilância Etnoambiental: jovens e agentes comunitários de segurança receberão treinamentos contínuos para proteger e monitorar os recursos naturais e a integridade do território.

Recuperação de Áreas Degradadas: ações de reflorestamento, viveiros comunitários e práticas de manejo sustentável serão implementadas para garantir a regeneração ambiental da TI Umariaçu.

Formações em Manejo Florestal e Territorial: cursos técnicos, práticas de campo e intercâmbios com outras comunidades fortalecerão o conhecimento ecológico tradicional e sua integração com tecnologias apropriadas.

Fotos: Tchurucü Mẽpe

Um dos grandes diferenciais do projeto é a gestão comunitária participativa. A COIAB, como instituição executora, será responsável pela coordenação geral e gestão financeira, mas todas as decisões são tomadas com base no diálogo direto com as famílias e lideranças da aldeia.

A formação de jovens e mulheres é um pilar estratégico do projeto, assegurando que as próximas gerações estejam preparadas para enfrentar os desafios territoriais, ambientais e sociais com protagonismo e autonomia. Ao longo dos dois anos previstos de execução, os participantes receberão formações em:

Monitoramento territorial com GPS e drones;
Cartografia social e ambiental;
Técnicas de reflorestamento e manejo de sementes nativas;
Artesanato tradicional e empreendedorismo cultural;
Comunicação comunitária e audiovisual;
Formação de guardiões ambientais e etnoeducadores.

Este projeto marca um novo momento para a aldeia Umariaçu I e para a TI Tikuna como um todo. Ele representa a articulação concreta entre os saberes tradicionais e os instrumentos técnicos de gestão ambiental, com foco no fortalecimento da autonomia indígena, na valorização cultural e na proteção dos bens naturais que sustentam a vida e a espiritualidade da floresta.

Como destacou uma das mulheres participantes durante o encontro: “Cuidar da floresta é cuidar do nosso espírito, da nossa cultura e dos nossos filhos.” A execução da 2ª etapa do projeto será iniciada nos próximos meses, após aprovação final do plano detalhado. A comunidade seguirá mobilizada, acompanhando de forma ativa cada fase, sempre com o compromisso de preservar a floresta viva para manter forte a cultura ancestral do povo Tikuna.


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