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Foto: Itamar Neco |
Na manhã do dia 23 de fevereiro de 2024, os jovens indígenas da aldeia Umariaçu I, Terra Indígena Tikuna Umariaçu, situada no município de Tabatinga – AM, tornaram público o início oficial do Projeto Cultural “Arte e Cultura Indígena”, uma iniciativa que foi selecionada por meio da Chamada de Projetos Culturais no Contexto da Pandemia da COVID-19 – 2021, promovida pelo Museu do Índio em parceria com a Coordenação Regional do Alto Solimões – CR-AS/FUNAI.
A execução do projeto está sob responsabilidade do grupo Etchire Magüta, composto por jovens artistas, comunicadores e educadores Ticuna que vêm atuando nos últimos anos na revitalização das expressões culturais e musicais de seu povo. A proposta visa promover ações formativas e artísticas voltadas para a valorização e transmissão dos conhecimentos culturais indígenas, com ênfase na música, pintura, cerâmica e escultura tradicional.
A iniciativa foi concebida durante os tempos difíceis da pandemia, quando diversas atividades culturais e educacionais foram interrompidas, afetando diretamente a transmissão dos saberes tradicionais nas comunidades indígenas. Com os recursos viabilizados por meio da chamada pública, o projeto pretende reconectar os jovens às práticas culturais ancestrais, fortalecendo sua identidade e promovendo novos espaços de aprendizado e criação coletiva.
A abertura oficial do projeto está prevista para o dia 3 de março de 2024, com uma cerimônia que será realizada na tradicional Casa da Moça Nova – Decüranã rü Upetüna, espaço simbólico de aprendizado e passagem cultural entre gerações. O evento contará com a presença de estudantes, professores, lideranças, anciãos e representantes da comunidade, e será um momento de apresentação pública das ações que serão desenvolvidas ao longo dos próximos meses.
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Foto: Itamar Neco |
O projeto contempla a realização de diversas oficinas culturais e artísticas, com encontros semanais às sextas-feiras e sábados, nos turnos da manhã e da tarde, buscando envolver crianças, adolescentes, mulheres e jovens em geral. As atividades previstas incluem:
Oficina de Música Indígena e Confecção de Instrumentos Tradicionais: Resgate de cantos tradicionais, maracás, flautas e ritmos originários da cosmologia Tikuna.
Oficina de Pintura Corporal e Pintura em Tela: Uso de grafismos ancestrais com significado espiritual, social e artístico, aplicados em corpos e telas contemporâneas.
Oficina de Confecção de Cerâmicas Tradicionais: Técnicas de modelagem, queima e pintura de cerâmicas, inspiradas nas formas e símbolos Tikuna.
Oficina de Confecção de Máscaras Rituais e Culturais: Confecção de máscaras inspiradas nas figuras mitológicas e narrativas orais do povo Magüta.
Essas oficinas têm o objetivo de despertar o olhar crítico e criativo dos jovens e estimular o pertencimento cultural, contribuindo para o processo educacional diferenciado, que respeita as especificidades socioculturais dos povos indígenas.
De acordo com os coordenadores do grupo Etchire Magüta, o projeto nasce com um olhar voltado não só para o resgate das tradições, mas também para o diálogo com os desafios contemporâneos enfrentados pelas juventudes indígenas. Ao envolver práticas artísticas tradicionais e novas linguagens, a proposta busca integrar cultura, educação, meio ambiente e bem viver, como formas de resistência simbólica e construção de alternativas para a juventude nas aldeias.
A arte, nesse contexto, é compreendida como instrumento de transformação, de afirmação de identidades, de fortalecimento da autoestima e de formação política e cultural dos sujeitos indígenas. O projeto também se alinha com os princípios da educação intercultural e comunitária, propondo que o ensino de arte nas escolas indígenas esteja enraizado nas referências do próprio território.
A seleção do projeto por uma chamada pública federal, promovida pelo Museu do Índio, representa um reconhecimento da potência cultural dos jovens indígenas do Alto Solimões. O apoio institucional da FUNAI/Coordenação Regional do Alto Solimões também fortalece a capacidade local de organização e gestão de ações culturais autônomas, além de ampliar as possibilidades de visibilidade para os saberes indígenas na região.
Ao final do processo, espera-se que os participantes tenham produzido uma série de obras (músicas, pinturas, cerâmicas e máscaras), além de registros audiovisuais que poderão ser apresentados em mostras culturais e feiras escolares, contribuindo para o registro e salvaguarda do patrimônio imaterial Magüta.
As atividades serão registradas e divulgadas por meio do canal Etchire Magüta no YouTube e nas redes sociais do projeto Magüta Native, parceiro na comunicação e visibilidade das ações culturais do povo Magüta.
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Fundação Nacional dos Povos Indígenas - FUNAI |
Coordenação Regional Alto Solimões.
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