Foto/Crédito: La Magüta Native Na manhã de 16 de outubro de 2025, o município de Benjamin Constant (AM) realizou com sucesso a 3ª Feira das...
| Foto/Crédito: La Magüta Native |
Na manhã de 16 de outubro de 2025, o município de Benjamin Constant (AM) realizou com sucesso a 3ª Feira das Artes Indígenas, com a participação de mais de 190 indígenas de diversas etnias. O evento reuniu representantes de associações como AMIT, AMATU, MEMATÜ e outras, que atuam na promoção e valorização da cultura indígena na região.
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Durante a feira, lojistas vindos do Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Minas Gerais e Manaus adquiriram artesanatos produzidos pelas comunidades locais, totalizando um volume de vendas que ultrapassou R$ 50 mil, valor que será revertido em renda para as artesãs e artesãos participantes.
O ato de produzir artesanato foi destacado por uma das expositoras:
“O que eu vendo aqui ajuda a mim, ajuda meus filhos, ajuda meus netos, ajuda meus bichos-netos… É muito gratificante, fico muito feliz e estou aqui. Que Deus me permitindo, no outro ano eu vou trazer mais produtos de todas as comunidades, Bom Caminho, Filadélfia, Cordeirinho. Fazer artesanato é ancestral, então passa para geração por geração. … vender aqui para lojistas grandes ajuda a sustentá-las… com certeza, elas conseguem pagar suas contas, se tornam mais independentes também e ajudam a família.”
A feira contou ainda com apresentações culturais indígenas e exposição de peças produzidas pelas comunidades tradicionais, reafirmando o compromisso da Prefeitura de Benjamin Constant de “contar do presente, construir o futuro”. O evento foi apoiado por instituições e programas estaduais e federais voltados à cultura, turismo e economia criativa.
A 3ª Feira das Artes Indígenas de Benjamin Constant reafirma o papel central que as associações e comunidades indígenas exercem na preservação cultural e geração de renda no extremo-oeste do Amazonas. Entre os participantes, destacam-se organizações como AMIT (Associação de Mulheres Indígenas de Ticuna), AMATU, MEMATÜ e outras, que há anos trabalham para valorizar saberes, técnicas e produtos das etnias locais.
Benjamin Constant, município que ocupa posição de fronteira e diversidade étnica do Amazonas distante de Manaus, o que torna ainda mais relevante o impulso local para a economia criativa foi palco de uma iniciativa que articulou ancestralidade, identidade e mercado.
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Para muitas das artesãs, o evento tem significado além da comercialização. Como expressou uma delas: o que vendem “ajuda a mim, ajuda meus filhos, ajuda meus netos, ajuda meus bichos-netos”. Essa frase evidencia como o artesanato indígena não é apenas arte ou turismo: é sustento, é continuidade de tradição, é reafirmação de pertencimento e de autonomia. A produção artesanal – feita de fibras naturais, sementes, grafismos tradicionais, técnicas passadas entre gerações – carrega tanto o valor simbólico da cultura como o valor econômico direto para as famílias e comunidades.
O fato de lojistas de grandes centros São Paulo, Rio, Brasília, Minas Gerais virem especificamente até Benjamin Constant para comprar os produtos reforça que há uma cadeia de valorização externa, o que amplia o alcance dos artesanatos para além da região amazônica. Essa comercialização permite que as mulheres artesãs e famílias envolvidas paguem contas, conquistem maior independência e fortaleçam o desen- volvimento local.
Além disso, a presença de tantas etnias e associações mais de 190 indígenas de várias etnias confere ao evento uma amplitude cultural significativa. Ele não se resume à feira de vendas: é palco de apresentações culturais, trocas de saberes, reafirmação de identidade, visibilidade para tradições que historicamente tiveram pouco espaço no mercado. Ao conectar comunidades com lojistas, redes de consumo e visitantes, a feira impulsiona o turismo cultural e a economia criativa na região.
É importante ressaltar que esse tipo de evento também contribui para que os produtos e as histórias das comunidades locais sejam conhecidos fora da Amazônia. A feira gera visibilidade, que por sua vez pode estimular demanda, parcerias, cooperação com projetos de fomento fortalecendo a autonomia indígena e a preservação cultural.
Por fim, a articulação entre poder público, associações indígenas e mercado revela um modelo interessante: comunicação entre as raízes tradicionais e as dinâmicas modernas de mercado, sem que necessariamente se descaracterize a ancestralidade. Como disse uma das participantes, “fazer artesanato é ancestral, então passa para geração por geração… isso mostra … que ainda elas são muito potentes e estão muito … ainda dentro das suas culturas e preservação da nossa cultura”. Essa afirmação deixa claro que, para as participantes, a feira não é apenas um local de venda, mas um espaço de afirmação cultural.
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A 3ª Feira das Artes Indígenas de Benjamin Constant foi uma celebração de identidade, de economia solidária e de futuro para comunidades indígenas amazônicas. A expectativa, expressa por uma das artesãs, é de que “no outro ano eu vou trazer mais produtos de todas as comunidades, Bom Caminho, Filadélfia, Cordeirinho” sinal de que esse modelo de ação está em expansão e que as comunidades já projetam continuidade.
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