Diálogo entre Lideranças Ticuna para Planejamento da 2ª Conferência dos Jovens Indígenas do Alto Rio Solimões - 2° CJI/ARS


Fonte: Magüta Native


No coração da floresta, onde o espírito dos antigos ainda orienta os passos do presente, um ajuri poderoso foi convocado: lideranças Ticuna das aldeias Umariaçu I e II se reuniram na sede da IEDAM, em Umariaçu II, para iniciar o planejamento da 2ª Conferência dos Jovens Indígenas do Alto Rio Solimões (2ª CJI/ARS).

A reunião, realizada em 1º de fevereiro de 2024, foi marcada por um diálogo ancestral e atual entre representantes da FUNAI, SESAI-ARS, Conselho Tutelar, coletivos juvenis e lideranças comunitárias. Esse encontro demonstra que a juventude indígena não está sozinha: carrega nos ombros a força dos que vieram antes e nos olhos a visão de um futuro possível.

A escuta, o respeito mútuo e a palavra circular guiaram os diálogos. O centro da conversa foi a juventude, sua saúde espiritual, seus direitos, sua cultura e o fortalecimento da identidade indígena diante de um mundo que ainda insiste em apagar vozes originárias. A Conferência será, portanto, um lugar de cura e resistência, onde o jovem indígena será o protagonista da própria história.

Fonte: Magüta Native

Inspirados nos princípios do bem viver e da coletividade, ficou acordado que as próprias comunidades locais contribuirão com a alimentação dos participantes, mostrando, mais uma vez, que a força do povo está na partilha e no cuidado com o outro.

A transmissão online do evento permitirá que a palavra dos jovens Magüta ecoe para além das fronteiras dos rios e aldeias, ganhando o mundo através das redes sociais, através da etnomídia viva, crítica e decolonial. A juventude está conectada, e suas narrativas são agora também ferramentas de luta.

A pauta da conferência será composta por temas urgentes: violência, suicídio, alcoolismo, drogas, mas também fortalecimento das línguas, dos rituais, da espiritualidade, do território e da cultura viva. Como dizem os mais velhos, “quando a juventude se reconecta com o espírito da floresta, a cura começa a florescer.”

A escolha dos palestrantes e convidados será feita com sabedoria e critério, para que suas palavras toquem a alma e ajudem a transformar. Serão vozes comprometidas com a ancestralidade e com a construção de políticas públicas reais e efetivas para os povos originários.

O Coletivo ETCHIRE MAGÜTA, a REJICARS (Rede de Jovens Comunicadores do Alto Rio Solimões) e a CGEIAS (Coordenação Geral dos Estudantes Indígenas do Alto Solimões), com apoio das lideranças locais, estão conduzindo o planejamento de forma colaborativa, garantindo que o evento seja autêntico, participativo e transformador.

Marcada para os dias 17, 18 e 19 de abril de 2024, a conferência acontecerá na aldeia Umariaçu II, em Tabatinga – AM, e será realizada pelo Departamento de Articulação dos Jovens Indígenas do Alto Rio Solimões – DAJIS/FOCCIT, com apoio institucional e comunitário.

Fonte: Magüta Native

Este evento não é apenas uma conferência. É um chamado sagrado. Um clamor da juventude para que as políticas públicas deixem de ser promessas e se tornem ações. É também uma fogueira de saberes, onde o conhecimento ancestral se mistura às tecnologias contemporâneas para reacender a esperança.

A juventude indígena, com seus cantos, seus grafismos, sua fala firme e seus corpos em movimento, vem mostrar que resistência também é reexistência. Que sua luta não é apenas contra as violências do mundo, mas é também uma busca por vida com dignidade e espiritualidade.

Os jovens Magüta estão dizendo, em alto e bom som: "Nós somos a continuidade dos nossos ancestrais, e também a semente do amanhã. Não vamos permitir que nossa geração seja silenciada. Vamos cantar, falar, escrever, ocupar, e principalmente: viver." Que a 2ª CJI/ARS seja um grande ajuri de transformação, onde a juventude fortaleça suas raízes para voar alto, como o pássaro sagrado que carrega os sonhos do povo.



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